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Posts Tagged ‘gestante’

 

V. R. 25 anos, feminino, branca, casada, médica, residente em PoA.

Em acompanhamento para tratamento de diabetes e hipertensão, relata alguns episódios anteriores de infecção do trato urinário (ITU). Solicitado hemograma, parcial de urina e urocultura.

 

No retorno, a paciente estava gestando há 30 semanas, e  procurou atendimento com queixa de contrações uterinas (três em 20 minutos).
O exame físico confirmou as informações prestadas. Ao toque vaginal, o colo do útero estava fechado. Frente ao quadro de trabalho de parto prematuro, decidiu-se pela internação da paciente. Além de repouso, prescreveu-se salbutamol em infusão intravenosa contínua.

 

Resultados:

HEMOGRAMA:

Eritrócitos:  4.300.000 /microlitro
Hemoglobina: 11,0 g/dl
Volume globular: 33,0 %
VCM: 76,7 fentolitros (fl)
HCM: 25,6 picogramas (pg)
CHCM: 33,3 %
RDW: 17,0 %
Anisocitose +, eliptócitos +
Leucócitos: 12.000 / microlitro
Contagem diferencial: neutrofilia sem desvio nuclear à esquerda
Granulações tóxicas +
Plaquetas: 270.000 / microlitro

PARCIAL DE URINA:

Aspecto: ligeiramente turvo. Urobilinogênio: 0.
Cor: amarelo-âmbar. Bilirrubina: 0.
pH: 6,5. Nitritos: 0.
D: 1.025. Leucócitos: 1.000/mm³
Proteínas: 0. Eritrócitos: 1.000/mm³
Glicose: 0. Células epiteliais: ++
Acetona: 0. Cilindros: ausentes.
Hemoglobina: 0. Cristais: ausentes.

UROCULTURA: desenv. de cocos gram-positivos, contagem: 4 X 103 UFC/ml

Paciente voltou ao consultório um mês depois, como visita de rotina do pré-natal.
Médico solicita nova urocultura e parcial de urina, em vista do resultado da cultura anterior

Aspecto: turvo. Urobilinogênio: 0.
Cor: amarelo-âmbar. Bilirrubina: 0.
pH: 6,0. Nitritos: 0.
D: 1.025. Leucócitos: 2.000/mm³
Proteínas: 0. Eritrócitos: 3.000/mm³
Glicose: 0. Células epiteliais: ++
Acetona: 0. Cilindros: ausentes.
Hemoglobina: 0. Cristais: ausentes.

 

 

Sua mãe a acompanhava à consulta, contando com 56 anos de idade, e se queixou de ondas de calor, aumento da irritabilidade e incapacidade de se concentrar nas tarefas diárias. Declara que está na menopausa, mas que não pretende tomar nenhum hormônio, visto que a mãe teve câncer de mama e ela está com medo de que esse tratamento possa aumentar seu risco. Confessa que os sintomas são praticamente insuportáveis.

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IDENTIFICAÇÃO: Josineide S. V., feminina, 29 anos, branca, auxiliar de enfermagem, natural e
procedente de Porto Alegre.
QUEIXA PRINCIPAL: diarréia e emagrecimento.
HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: Paciente interna no HSL-PUCRS referindo que há 60 dias iniciou
com diarreia, descrita como evacuações aquosas de pequeno volume, com vários episódios diurnos e noturnos. Relata episódios de urgência e também eliminação de material muco-sanguinolento.
Acompanhando o quadro apresentou alguns episódios febris de até 38° C. Refere emagrecimento de
6 Kg nos últimos 60 dias.
Foi encaminhada a este hospital após ter sido avaliada em posto de atendimento primário, onde
entre outros exames realizados, sem seu conhecimento, foi realizada uma pesquisa do HIV que foi
positiva.
REVISÃO DOS SISTEMAS
Geral: emagrecimento e sensação de fadiga.
Cardiovascular: nega dispnéia ou dor torácica.
Respiratório: nega tosse ou expectoração.
Gastrointestinal: refere pirose nos últimos 20 dias: diurna e noturna com alguns episódios de
odinofagia.
Geniturinário: nega sintomas urinários. Refere atraso menstrual ( 3 meses) e traz consigo teste de gravidez positivo. Nulípara.
Endocrino: nega intolerância ao frio ou ao calor, tremores, agitação, sudorese, polidipsia, poliúria,
polifagia.
Demais sistemas: sem queixas.
HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA
Doenças da infância: somente lembra catapora.
Imunizações: não sabe informar. Cirurgias: nenhuma.
Traumatismo: nenhum. Hospitalizações prévias: nenhuma.
Medicações em uso: loperamida eventualmente.
Hábitos alimentares: três refeições por dia (café, almoço e janta). Sem intolerâncias alimentares.
Sono normal, interferido por evacuações noturnas. Nega alergias.
HISTÓRIA FAMILIAR: Pais vivos e sadios. Irmã mais velha sadia.
HISTÓRIA PSICOSSOCIAL: Internação na FEBEM na sua adolescência por envolvimento com tóxicos e pequenos furtos. Refere ter tido vários namorados nesta instituição. Relações sexuais desde os 16 anos de idade, sem proteção de barreira, com pessoas de grupo de risco para o HIV. Vive nos últimos 10 anos com ex-drogadito. Não sabe o status HIV de seu companheiro. No momento ele é gerente de uma microempresa e diz que os “dois se regeneraram e nunca mais usaram qualquer tipo de tóxico graças à sua igreja”. Exerce suas atividades profissionais em um hospital desta capital (internação cirúrgica). Refere que não gostaria que seus pais soubessem de seu diagnóstico (HIV). Diz que não quer se tratar da doença porque “ela já está muito adiantada, vai sofrer demais e sabe que ela não tem cura”.
EXAME FÍSICO
Alerta, lúcida, orientada e coerente. Mucosas úmidas, pouco descoradas e anictéricas. Sinais de emagrecimento, mas em bom estado geral.
Temperatura=37,5°C, pulso=95bpm, respiração=19mpm, peso=45Kg, altura=1,68m,
TA=100/80mmHg.
Pele e anexos: sp. Cabeça: sp. Ouvidos e nariz: sp.
Gânglios linfáticos: micropoliadenopatia cervical bilateral com gânglios macios e móveis.
Olhos: visão normal. Pupilas isocóricas e isoreagentes. Fundo de olho normal.
Boca e faringe: placas brancas circundadas por halo hiperemiado na orofaringe. Dentes em mau estado de conservação. Pescoço: sp
Ausculta pulmonar: pulmões claros à ausculta. Percussão torácica normal. Ausência de ruídos adventícios.
Ausculta cardíaca: ritmo regular, dois tempos, sem sopros.
Abdômen: dor à palpação superficial e profunda difusamente. Ausência de dor a descompressão súbita. Fígado e baço impalpáveis. Ruídos hidroaéreos aumentados.
Músculo-esquelético: normal
Neurológico: pares cranianos, função motora e reflexos profundos sp.
EXAMES COMPLEMENTARES
Hematócrito=30 %, Hemoglobina=10g%, Creatinina=0,8mg%, Glicose=85mg%, Na=130mEq%,
K=3mEq%, CO2=20mEq%.
Exame parasitológico de fezes (6 amostras): negativo.
Coprocultura: ausência de bactérias patogênicas.
Colonoscopia: úlceras difusas ao longo do cólon com características sugestivas de colite por citomegalovírus. Biópsias confirmaram esta impressão.
Endoscopia digestiva alta: esôfago recoberto por membranas esbranquiçadas com halo hiperemiado sugestivo de esofagite por Candida. Estômago e duodeno: normais.
Teste de gravidez (HCG): > 50000.
Ecografia abdominal: gravidez compatível com 12 semanas. Ausência de outros achados significativos.
EVOLUÇÃO
A paciente alguns meses após apresenta febre, tosse produtiva com expectoração hemática e purulenta. Procura a Sala de Emergência de um hospital. O plantonista alegando que a sala de observação esta lotada recusa-se a admitir a paciente para realização de exames e recomendar que ela se dirija para outro hospital da rede, já por ele contatado e com disponibilidade de oferecer atendimento.
O companheiro ser recusa em remover a paciente para outro hospital e ameaça chamar jornais e televisão para denunciar que ela não está sendo corretamente atendida “porque ela tem AIDS”.
Diante da ameaça o médico cria uma vaga para a paciente a passando na frente de outros pacientes que aguardavam internação para fins de observação.
OBJETIVOS
Pequenos grupos deverão discutir as seguintes questões, tentando elaborar uma justificativa moral para suas respostas.
1. É adequada a forma de identificação da paciente no caso clínico em discussão?
2. Foi correta a  iniciativa da equipe de saúde de colocar o teste do HIV dentro da mesma coleta de sangue para outros exames sem conhecimento do paciente?
3. Qual a obrigação da equipe médica com relação ao companheiro da paciente? E a seus pais?
4. Esta  paciente deverá ter um tratamento diferenciado no momento do parto em relação às demais gestantes  no que  diz respeito a isolamento de outras parturientes, ambiente especial no Centro Obstétrico e na enfermaria?
5. É adequado identificar a capa de seu prontuário com adesivo contento o aviso “paciente HIV +” durante sua hospitalização ?
6. Deve o hospital em que a paciente trabalha ser informado de sua situação clínica? A equipe  médica estaria correta em tentar persuadir a paciente a seguir o tratamento indicado para sua situação clínica?
Em relação à evolução do caso.
7. O médico ser portou de maneira eticamente correta  nesta situação?
8. Como você colocaria este problema numa perspectiva ética?

 

EM RELAÇÃO À FARMACOTERAPIA

1. Quais os PRMs encontrados no caso?

2. Quais orientações se fazem necessárias para esta gestante para o cuidado com o bebê?
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1. http://www.bioetica.ufrgs.br
2. Livro: Iniciação à Bioética – Conselho Federal de Medicina)
3. Bioética Vol. 1 nº 1, 1993
4. Texto: AIDS e Bioética.

 

Estudo de caso elaborado por docentes da Faculdade de Medicina da PUC – PoA

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O Caso desta semana está descrito no artigo abaixo:

Epilepsia e Gravidez: Que conduta?

Veja também

latamjpharm

bvsms

redeblh

ghc

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A paciente, 18 anos, branca, casada, natural e procedente de Santa Maria, foi atendida no Pronto Atendimento do Hospital Municipal Casa de Saúde em 16 de janeiro de 2012, com idade gestacional de 26 semanas segundo ultra-sonografia obstétrica do primeiro trimestre. Encontrava-se na segunda gestação, com um parto cesáreo anterior há dois anos. A paciente relatou história de dois meses de febre, astenia, cansaço, hiporexia, mialgias e cefaléia. Havia antes procurado várias vezes atendimento médico em unidades básicas de saúde (UBS), sempre recebendo tratamento paliativo e não sendo encaminhada para investigação ambulatorial. No acompanhamento pré-natal, em UBS, não houve investigação para as manifestações clínicas que a paciente estava apresentando, continuando o tratamento paliativo. Negou intercorrências na gestação anterior e abortos.

Estava em regular estado geral, regular estado nutricional, hipocorada ++/4, acianótica, anictérica, sem linfonodos palpáveis, febril (38,7°C), eupnéica. A ausculta cardiopulmonar não apresentava alterações. O abdome era globoso e a altura uterina de 22 cm. O fígado e o baço eram palpáveis a 10 cm dos respectivos rebordos costais e edema de membros inferiores com cacifo +/4. Foram solicitados hemograma, níveis séricos de sódio, potássio, uréia, creatinina, amilase, cálcio e magnésio, exame de urina e urocultura e ultrasonografia obstétrica e de abdome total.

Aos exames de entrada, apresentava 2,3 milhões de eritrócitos/dL, 6,4 g% de hemoglobina e 600 leucócitos com 60% de segmentados e 40% de linfócitos. Havia também plaquetopenia (59.000), caracterizando a pancitopenia. Havia também hipocalemia (3 mEq/L) e hiponatremia (126 mEq/L). O exame de urina apresentou-se sem alterações. A urocultura foi negativa. A ultrasonografia abdominal confirmou a hepatoesplenomegalia. A ultra-sonografia obstétrica revelou feto único, vivo, com IG de 26 semanas e índice de líquido amniótico (ILA) de 8,2 cm.

Do acompanhamento pré-natal, possuía exames de tipagem sanguínea (B Rh+) e triagem para sífilis (VDRL), toxoplasmose IgM, herpes simples 1 e 2 IgM, vírus da imunodeficiência humana 1 e 2, citomegalovírus IgM, hepatite B e C, vírus linfotrófico humano 1 e 2, rubéola aguda, doença de Chagas e fenilcetonúria materna, todos negativos. A triagem de anticorpos IgG para toxoplasmose, herpes simples, citomegalovírus e rubéola foram positivos.

A paciente foi internada na enfermaria de Ginecologia e Obstetrícia (GO), permanecendo por sete dias, sendo transferida para o CTI no dia 22/01/12, por quadro de rebaixamento de consciência, hipofonese de bulhas e piora da pancitopenia, tendo recebido dez unidades de crioprecipitado,permanecendo por três dias em terapia intensiva. Foi submetida a ecocardiografia (ECG), que demonstrou presença de discreto derrame pericárdico, sem restrição diastólica. A paciente também apresentou quadro de otite média aguda supurada, com evolução para otorréia piossanguinolenta, sendo tratada com amoxicilina 500 mg e clavulanato 125 mg via oral 8/8 h, sendo então acompanhada pelo serviço de Otorrinolaringologia. Tendo tido alta do CTI, retornou à enfermaria da GO, continuando o tratamento para a otite média aguda até completar 14 dias de antibioticoterapia. Passou a apresentar icterícia 3+/4,estando o baço palpável a 12 cm do rebordo costal esquerdo e o fígado palpável a 10 cm do rebordo costal direito, confirmados por nova ultrasonografia abdominal.

Após o retorno para a enfermaria de GO, no dia 25/01/04, foi levantada a hipótese de leishmaniose visceral, sendo solicitado aspirado de medula óssea com cultura, encontrando formas amastigotas do parasita no esfregaço a fresco, corado pelo Giemsa. Iniciou-se, então, tratamento imediato para a leishmaniose visceral com anfotericina B lipossomal, 50 mg diluídos em 250 mL de solução glicosada a 5% intravenosa por duas horas, diariamente, sendo solicitados exames laboratoriais, com periodicidade de três vezes por semana: hemograma, tempo de protrombina, alaninaminotransferase, aspartatoaminotransferase, proteínas totais e frações, creatinina, potássio, ECG e glicemia sérica.

Seis dias após o início do tratamento (31/01/12), a gestante apresentou indícios de sofrimento fetal agudo, com a freqüência cardíaca fetal variando de 85 a 100 batimentos por minuto (bpm), associado a oligoâmnio grave, demonstrado por ultra-sonografia obstétrica, com ILA de 4,8 cm.

Nessa ocasião, com 28 semanas de gravidez, foi novamente transferida para cuidados intensivos,com insuficiência hepática e distúrbio da coagulação. Questionou-se a resolução da gestação, postergada devido às condições clínicas desfavoráveis para procedimento cirúrgico e prematuridade do feto. Após três dias de tratamento intensivo (03/02/12), mantido o esquema com anfotericina B lipossomal, observou-se estabilização da vitalidade fetal, com melhora da oligodramnia (ILA = 5,5 cm). A gestante retornou à enfermaria, dia 04/02/12, já com dez dias de tratamento para LV, permanecendo internada pelo oligoâmnio, mas com melhora do quadro clínico do calazar manifestado por desaparecimento da febre e regressão da hepatoesplenomegalia, conforme pode ser observado na Tabela 1.

 

Completaram-se 21 dias de tratamento com anfotericina B lipossomal, com regressão da hepatoesplenomegalia, confirmada por ultra-sonografia abdominal e melhora dos parâmetros laboratoriais, bem como do ILA (7,0 cm) no dia 15/02/12. O tratamento com anfotericina B lipossomal estendeu-se da 27ª à 31ª semana de gravidez. O último episódiode pico febril ocorreu dez dias após início do tratamento com a anfotericina B lipossomal, no dia 04/02/12, com 28 semanas. Após o término do tratamento, optou-se por manutenção da internação até remissão total do quadro de calazar e melhora dos parâmetros laboratoriais, clínicos e obstétricos (ILA).

Neste período, não houve sinais alterados no ECG e reduziu-se a inversão da relação albuminaglobulina significativamente. Recebeu alta hospitalar em 3 de março de 2012, com 32 semanas e 6 dias de gestação, após 48 dias de internação, com orientação de acompanhamento ambulatorial conjunto no serviço de doenças infecto-parasitárias (DIP) e pré-natal no serviço de gestação de alto risco da UFSM, ainda com oligoâmnio leve (ILA = 8,0 cm).

A paciente manteve-se assintomática, seguindo normalmente o pré-natal, sem maiores intercorrências no período Com 38 semanas, a paciente deu entrada na maternidade do HRMS em trabalho de parto, com dilatação de 3 cm, bolsa íntegra, apresentação cefálica e batimentos cardíacos fetais = 148 bpm. Teve parto normal, sem intercorrências, com RN vivo, do sexo masculino, pesando 2.995 g, tendo 48 cm de estatura e Apgar de 9 e 10 no 1º e 5º minuto pós-parto. Não apresentava malformações e o exame anatomopatológico da placenta não evidenciou o parasita. Em três meses e seis meses com quadro clínico normal, o RN foi submetido a triagem sorológica de sangue venoso periférico, por reação de imunofluorescência indireta (RIFI) IgM e IgG antileishmaniose humana, cujos resultados foram negativos. A puérpera recuperou peso, melhorou da anemia, amamenta ao seio exclusivamente e até novembro de 2012, fazia acompanhamento na UBS do Alto da Boa Vista, sem alterações. A criança, atualmente com 8 meses, encontra-se também em seguimento no serviço de Pediatria da UFSM, sem maiores intercorrências e com desenvolvimento normal para sexo e idade, mantendo sorologias e clínica negativas para leishmaniose visceral. 

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ADAPTADO DE MEDSCAPE PHARMACIST EDUCATION

Uma mulher de 29 anos deu à luz um menino com uma aparência facial dismórfica. O menino nasceu a termo, de gestação por cesariana. A mãe tem epilepsia caracterizada por convulsões tônico-clônicas, com primeiro episódio no início da adolescência. Ela teve uma gravidez planejada, sabendo que uma criança nascida de uma mulher com epilepsia em uso de anticonvulsivantes está em maior risco de defeitos congênitos. Antes de conceber o bebê, a mãe tomou 5 mg de ácido fólico por dia. Durante a gravidez, ela estava tomando 750 mg de ácido valpróico (VPA) duas vezes ao dia (o limite superior da dose segura) para controlar as convulsões. Ela solicitou aconselhamento genético para determinar se o feto seria afetado. Em 12 semanas de gestação foi encaminhada para a ultra-sonografia pré-natal de rotina, e  concordou em submeter-se a um teste de triagem (alfa-fetoproteína, gonadotrofina coriônica humana e estriol não conjugada).O monitoramento fetal foi realizado com ultra-sonografia para avaliar o crescimento fetal, possíveis malformações congênitas e avaliar o volume de líquido amniótico. O exame de ultra-som na 17ª semana de gestação revelou algumas características anormais sugerindo uma desordem cromossômica numérica, e o feto também foi considerado pequeno para a idade gestacional. Assim, as amostras de líquido amniótico foram utilizadas para realizar o diagnóstico citogenético pré-natal. A interrupção da gravidez foi discutida com os pais mas eles optaram por continuar.

O resultado do teste de triagem foi positivo. Polimerase quantitativa fluorescente foi usada para a detecção pré-natal de cromossomos 13, 18 e 21 e de aneuploidias X e Y. Este teste foi escolhido porque oferece resultados confiáveis que estão disponíveis em poucas horas após a amostragem e, além disso, ele requer apenas pequena amostra fetal (1,5 mL de líquido amniótico). O teste mostrou um número normal de cromossomos. O cariótipo convencional indica um homem normal: 46, XY. O ultra-som exclui malformações do coração e órgãos internos. Ao exame físico após o nascimento, o bebê tem uma aparência distinta facial que inclui uma testa alta e com proeminência central; uma linha fina baixa; deficiência mediana de sobrancelhas, hipertelorismo ocular, epicanto, ponte nasal baixa, com um nariz pequeno e arrebitado; terço médio da face com hipoplasia; orelhas baixas, e micrognatia. A criança também apresenta um pescoço curto e  mãos e pés largos (Figuras 1, 2 e 3). O exame neurológico revela a presença de hipotonia central e periférica

No presente caso, a síndrome fetal por valproato (FVS) foi detectada por ultra-sonografia pré-natal, sem espinha bífida ou anomalias cardíacas. Ao nascer, o diagnóstico foi confirmado pelos achados clínicos. Exposição pré-natal ao valproato durante o primeiro trimestre da gravidez pode ter resultado no distúrbio, embora o recém-nascido não manifeste todos os critérios de diagnóstico, tais como defeitos de tubo neural (por exemplo, espinha bífida), anomalias congênitas cardiovasculares, anormalidades genitais (por exemplo, hipospádia), dedo da mão ou do pé defeituosos.

Para o pós-parto, foi prescrito o fármaco sulpirida e ocitocina.

NESTE CASO DEVERÃO SER CONTEMPLADOS OS ITENS:

1)       ESPECIFICIDADES DA SAÚDE DA MULHER

  1. Morbidade, mortalidade, diferenças hormonais e distúrbios associados, diferenças de gênero em doença

2)       ESPECIFICIDADES DA SAÚDE DA GESTANTE

  1. Alterações fisiológicas na gravidez
  2. Postura e deambulação
  3. Adaptação respiratória, gastrintestinal, renal, hepática, hematológica e cardiovascular
  4. Fármacos teratogênicos: classificação e contra-indicações de acordo com a fase da gravidez
  5. Orientações gerais
  6. Gravidez de risco
  7. tratamentos não medicamentosos
  8. Tratamentos medicamentosos incluindo medicações de escolha
  9. Acompanhamento farmacoterapêutico
  10. Busca ativa por problemas relacionados à medicamentos

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A senhora V., brasileira, casada, funcionária pública federal, graduada em Ciências Contábeis, 30 anos, 1,56 m, pesando 64 Kg, grávida do 2º filho, no 7º mês. Seu 1º filho tem 1 a e 9 m. No 5º mês desta 2ª gestação apresentou pequeno sangramento vaginal, que, após ultrasonografia foi diagnosticado placenta prévia, levando-a a repouso absoluto, a conselho médico. No momento não apresenta sangramento. O parto será do tipo cesária, que está agendado para o dia 07 de agosto. Na cirurgia será retirado o seu único ovário, que ora apresenta-se com cisto dermóide acentuado. O seu outro ovário foi retirado aos seus quinze anos. Conhece a importância da placenta para a criança, bem como os fatores de risco da placenta prévia. Atualmente está estudando para o concurso do TRT. Ela acredita que a sua aprovação nesse concurso trará melhoria para a sua vida. Apresenta-se apreensiva em relação ao mesmo, e relata que tem sonhado com a prova, e que os sonhos não são bons. Este fato, associado à cirurgia a tem deixado preocupada. Ela teme a recuperação do parto (cirurgia), pois não vai ser como no primeiro parto, o qual foi normal. Sabe que não vai poder segurar o seu 1º filho no colo, aliás, já não o segura desde a detecção da placenta prévia. Outro fator que tem causado “angústia” (sua fala) é estar morando na casa da família, onde sua privacidade para conversar com o marido é restrita, e não pode cuidar do filho (devido ao seu problema de saúde e porque muitos interferem). Relata que após ter sido diagnosticado a placenta prévia, o ritmo de vida do seu filho mudou, principalmente o horário de dormir. Deseja modificar esse horário, para no próximo ano colocá-lo na escola. Conta com a ajuda de uma prima para cuidar do seu filho. Às vezes, a Srª. V. passa o final de semana na casa dos sogros, ou até uma semana. Vê televisão à noite. Dorme de 7 a 8 horas por dia, acorda durante a noite com a barriga incomodando, mas logo adormece. Bebe cerca de 1 litro de água por dia, tem história de hemorróidas na última gravidez, e alimenta-se de forma balanceada, em horários freqüentes e regulares. Durante o dia elimina fezes uma vez e urina várias vezes, em boa quantidade. Fez exames laboratoriais recente, os dados estãodescritos abaixo:

  • Hemoglobina: 13,1mg; hematócrito: 38g/dl; tipagem sangüínea: O Rh+; glicemia de jejum: 84mg; VDRL: negativo e anti-HIV: negativo. Destarte ficou determinada a ausência de anemia, de fatores que possam desencadear incompatilidade Rh materno fetal, de diabetes, de sífilis e de soropositividade para o HIV..

Durante a gravidez, V. declarou ter consumido os seguintes medicamentos abaixo:

  • Vitaminas e ácido fólico (por prescrição médica)
  • Dipirona ou ácido acetilsalicílico (quando apresentava dor, por automedicação)
  • Nistatina (para tratar vaginose bacteriana, por prescrição médica)
  • Tetraciclina (para tratar uma infecção na garganta, com sobra de medicamento prescrito em outra ocasião)
  • Fitoterápicos e plantas medicinais: losna, boldo, hortelã, macela, camomila, chá verde e chá preto.
A obstetra comentou sobre a utilização de medicamentos para retardar o parto, mas não se lembrava de qual medicamento havia sido indicado.

V. declarou que com o primeiro filho não amamentou por muito tempo (apenas 2 meses) pois teve fissuras na mama e mastite. Não lembrava se havia tomado medicamentos para este problema. Gostaria de receber acompanhamento e instruções para esta gestação, já que sua amiga havia falado sobre medicamentos para “descer” o leite.

Baseado em:

FARIAS e NÓBREGA. Rev. Latino-Am. Enfermagem v.8 n.6 Ribeirão Preto dez. 2000

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Gestante, com 28 anos de idade, cor negra, relata menarca e primeira relação sexual aos 14 anos, solteira, quatro gestações com duas cesáreas anteriores, último parto há dois anos, um aborto espontâneo há oito anos, sem parceiro fixo, do lar, residente em Vila Velha, ES. Não realizou pré-natal, não sabe a última menstruação, tabagista, usuária de crack, três parceiros sexuais nos últimos 12 meses, sendo o último há um mês, o qual apresentava  secreção peniana purulenta. O pai de seus dois filhos encontra-se recluso e o provável parceiro da gravidez atual está

desaparecido. Informa, ainda, relações sexuais com dois parceiros no último período fértil, segundo idade gestacional avaliada à ultra-sonografia obstétrica.

A gestante procurou, em 18/10/2010, a Maternidade da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, em decorrência da presença de lesões em vulva, iniciadas há 15 dias, associada a febre não-aferida, no mês da campanha contra a sífilis congênita no estado do Espírito Santo.

Ao exame físico geral foram evidenciados linfonodos inguinais palpáveis e indolores bilateralmente e pápulas eritematosas em abdome e dorso. Ao exame da genitália externa observou-se intenso edema de vulva, lesões papulosas, indolores, com superfície lisa, em regiões perineal e vulvar, características de sifílides. Exame ao espéculo: colo e vagina sem evidência de lesões. Coletado material de conteúdo vaginal, para Gram, e material de endocérvice, para cultura de gonococo. Ambos os exames foram negativos. A bacterioscopia direta em campo escuro de esfregaço de lesões vulvares visibilizou espiroquetas morfologicamente compatíveis com Treponema pallidum. O VDRL com soro puro foi negativo, positivando após a diluição até 1/128. O FTA-Abs foi reator e os exames anti-HIV, anti-HCV e o HBsAg, não-reatores. O hemograma e o coagulograma também não mostraram alterações.

O exame de ultra-sonografia obstétrico realizado durante a internação mostrou feto sem anormalidades, com idade gestacional de aproximadamente 20 semanas e quatro dias, com volume de líquido amniótico normal.

O tratamento foi iniciado, com penicilina benzatina 1.200.000 UI por via intramuscular em cada nádega por duas semanas consecutivas e azitromicina 1 g via oral, devido ao relato de quadro de uretrite em um dos parceiros, havendo melhora acentuada das lesões.

A paciente não compareceu para o acompanhamento do caso na terceira semana. Solicitamos a busca ativa da mesma e dos parceiros pelo serviço social e pela ESF (Estratégia Saúde da Família), que se encontra em andamento, mas, até a presente data, não conseguimos localizar dois dos três parceiros. O serviço

médico da penitenciária foi comunicado para o tratamento do parceiro identificado da gestante com sífilis.

 

Baseado em Reis et al., 2007

 

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ESTUDO DE CASO – CÂNCER DE MAMA
“Muitas vezes me pergunto o que seria da minha vida como agora, se eu nunca tivesse tido câncer de mama. De certa forma, teria sido melhor, mas de outras maneiras, eu não me lembraria de tudo… Hoje, 10 anos após o diagnóstico, após uma biópsia de um caroço pequeno que eu tinha encontrado no meu peito esquerdo, eu aproveito cada instante de minha vida. ”
Maria é uma senhora de 67 anos de idade, ex-secretária, que acaba de retornar de uma viagem de seis semanas para a Nigéria como parte de uma Força Voluntária de assistência médica que imuniza crianças contra a pólio.  “A Nigéria é um dos quatro únicos países onde a pólio ainda está presente – está quase completamente erradicada agora.  Vendo o rosto das crianças ali, ansiosos para obter a sua única vacina, mostrou-me como fantástica a medicina moderna pode ser. ”
 Tratamento de Maria
Maria teve um choque inicial após seu diagnóstico.  Ela tinha acabado de sair da menopausa e estava ansiosa para estabilizar seus hormônios e para isso, estava administrando vários medicamentos e tratamentos alternativos simultaneamente, para acelerar o processo. 
 “Meu tumor era pequeno e não parecia ter se espalhado, mas eu já havia marcado uma mastectomia radical em três semanas.  Acordar com apenas uma mama foi um choque, apesar de saber exatamente o que seria feito. ”
Maria fez radioterapia em seguida, que a deixou muito cansada e sentindo depressiva.  Ela ficou aliviada ao saber que o resultado de uma biópsia do linfonodo que tinha sido removido confirmou que o tumor não tinha se espalhado além do peito, por isso ela foi poupada da quimioterapia.
“Eu temia ter que fazer quimioterapia – com todas as náuseas e efeitos adversos.  Eu pensei que eu tinha tido sorte de escapar.  Então veio a cirurgia, de reconstrução da mama – quase pior do que ter a mastectomia original! ”
Maria está contente por ter a mama reconstruída com o implante, mas hoje a maioria das mulheres não precisa mais passar por isso.  Hoje, as mulheres como Maria são tratados com cirurgia conservadora, onde apenas o caroço e algum tecido circundante é removido, ao invés de toda a mama.  Esta cirurgia é eficaz no tratamento do câncer e evita a necessidade de reconstrução da mama.
 Lidar com as hormonas
 Como o tumor de Maria era sensível ao estrogênio, os médicos decidiram que ela era candidata ideal para tomar tamoxifeno.  O tamoxifeno é uma droga que bloqueia os receptores de estrogênio em todas as células do corpo, incluindo as células do tumor, evitando assim que o hormônio estimule as células cancerosas a crescer.  O tamoxifeno pode ser usado como tratamento de câncer, e podem evitar recidivas do câncer de mama em mulheres cujos tumores foram removidos e tratados.
“Eu tomei tamoxifeno por dois anos, mas, em seguida, um outro tipo de medicamento chamado de inibidor da aromatase se tornou disponívl.  Este foi mais eficaz para mim porque eu tinha passado pela menopausa e utilizei este medicamento por mais três anos.  Agora, ainda tenho check-ups regulares a cada três meses para que a enfermeira pode fazer um exame de mama manual, com uma mamografia a cada ano. ”
Maria e seu médico constantemente se preocupam com sua densidade óssea, pois sabem que ela é paciente de risco para a osteoporose.
 A história de Maria não é incomum.  Cerca de 80% das mulheres que são diagnosticadas com câncer de mama em estágio inicial no Reino Unido, França, Alemanha e outros países da Europa Ocidental pode sobreviver por cinco anos.  Cerca de 66% sobrevivem por 20 anos.
 Os aumentos na sobrevivência se deve a uma combinação de fatores, incluindo uma melhor triagem e novos tratamentos.  Tamoxifeno e inibidores de aromatase têm impedido as recidivas em milhares de mulheres que têm tomado durante um longo período, e os dados clínicos ainda estão sendo coletados sobre os benefícios destes medicamentos.
 “Eu não teria acreditado, a 12 anos atrás, que eu estaria fazendo as coisas que eu estou fazendo hoje.  Ter tido câncer de mama, e sobreviver  graças aos diferentes tratamentos que eu tive é uma parte importante da minha vida agora.  Eu sei que o câncer de mama pode ocorrer – mas também sei que existem tratamentos adicionais que poderiam ajudar.  Tenho tanta esperança para o futuro e a partir de agora, vou aproveitar cada minuto de minha vida”.
ESTUDO DE CASO – GESTANTE
M.R.S., 20 anos, branca, profissão de manicure, casada, cônjuge com 32 anos, que trabalha como vigia. Possui ensino fundamental incompleto (7ª série), natural de Campo Grande-MS, católica. Renda familiar mensal em torno de R$ 900, 00, considera essa renda suficiente para manter as necessidades familiares. Reside em casa própria de alvenaria, com quatro peças (um quarto, sala, cozinha e banheiro), seu banheiro localiza-se dentro de casa e possui vaso sanitário e chuveiro elétrico, sua casa não dispõe de rede de esgoto, mas possui fossa séptica. Dorme 8 horas por noite e sente-se descansada com a quantidade de sono que tem. Realiza duas refeições diárias (café da manhã e almoço). Relata que após a gestação tem se alimentado mal devido a intolerância à carne. Nega história de icterícia, cálculo biliar, etilismo, tabagismo, problemas respiratórios, cardiopatias, hipertensão arterial e diabetes.
Gestante com nove semanas e dois dias de gestação, Gesta III, Para II, Aborto Zero, Data da última menstruação (DUM): 25/04/2010, Data provável do parto (DPP): 02/02/2011.
Relata aumento da freqüência urinária após a gestação, cefaléia, lipotimias, náuseas, lombalgia e mialgia. Informa que ficou feliz com a gestação, pois a mesma foi planejada.
Tem consciência de normalidade das alterações já presentes ou futuras no seu corpo decorrentes da gravidez. Está feliz com a sua aparência, tem como aspiração ter uma vida estável, considera sua família e seus filhos as coisas mais importantes em sua vida.
À consulta (29/06/2006) a cliente apresentava peso: 70 kg, altura: 1,63m, IMC: 28, 6, PA: 90X63mmHg, P: 80bpm, R: 18mpm e T: 36,8 C.

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