Já havia comentado anteriormente sobre a importância de sermos sementes. Mas é em momentos aparentemente breves que podemos perceber a importância do nosso trabalho, do quanto uma palavra ou uma atitude pode ser importante para nossos pacientes ou usuários.
O curso de Especialização em Assistência e Atenção Farmacêutica muitas vezes me brinda com estes momentos. O texto que publico abaixo é de uma aluna do curso, após a aula ministrada pela professora Maria Ribeiro Lacerda, sobre Comunicação Interpessoal. Esta brilhante professora costuma deixar seus alunos tocados, emocionados e motivados pela profissão que abraçamos, e não foi diferente neste semestre, na turma que iniciou suas atividades em Agosto de 2008:
” Vou narrar um episódio que, somente agora, após esta aula, pude ver claramente alguns aspectos que envolvem relacionamento direto profissional-paciente e a necessidade do trabalho em equipe na Secretaria de Saúde onde trabalho.
Uma paciente procurou-me na farmácia onde havia já, propositalmente, alguns cartazes sobre DST’s e relatou que estava muito preocupada com seu filho pois este apresentava um comportamento estranho ultimamente, com crises de choro, ansiedade, isolamento, etc. Em resumo: ele estava com medo de estar com AIDS e “esapalhou-se” o pânico pela familia.
Uma coisa que me chamou a atenção foi que esta mãe e sua familia já eram usuários do SUS há mais ou menos 10 anos, já haviam passado por médicos, enfermeiros, técnicos, agentes comunitários de saúde e outros mas veio até a farmácia e pediu pelo farmacêutico.
Então, ela percebeu que podia contar com a minha ajuda, sentiu a necessidade dos cuidados profissionais e manteve o comprometimento de solucionar o problema em casa ( ou pelo menos amenizá-lo).
Após alguns questionamentos, usei uma linguagem acessível ao grau de entendimento da usuária, tentei suscintamente explicar sobre como é feito o teste (até para outras DST’s), sobre o aconselhamento pré-teste, onde e quando fazer (local e horário), alguma coisa sobre o tratamento e métodos de prevenção. Consegui acalmá-la no momento.
Para concretizar a minha explicação e também minha ação foi necessário encaminhar esta mãe ao Serviço de Saúde da Mulher (PAISM), que hoje é o setor que dispõe de toda a estrutura e planejamento para DST’s e outros serviços ligados a sexualidade e prevenção de doenças.
Neste setor foi, já bem mais tranquila, recebida pela enfermagem que procedeu os detalhes necessários à evolução daquele caso.
Após, pela necessidade verificada na SMS, a familia foi atendida pela assistente social (havia problemas financeiros, moradia,etc), recebeu encaminhamento para atendimento psicológico no CAPS e também recebeu tratamento médico para outros problemas orgânicos verificados na triagem feita pela enfermagem.
Claro que isto não ocorreu em um dia apenas, não sei exatamente quanto tempo se passou, talvez 2 ou 3 meses, mas a referida mãe voltou até a farmácia para me avisar de que o teste havia dado negativo.
Óbvio que também fiquei feliz com o resultado mas a maior satisfação foi ver que apesar das diferenças profissionais, toda a EQUIPE se envolveu e houve a satisfação e melhora nas condições e qualidade de vida de uma FAMÍLIA!
Não foi necessária DISPENSAÇÃO, atuei realmente como EDUCADORA EM SAÚDE, junto com uma equipe, e pelo comprometimento também do paciente ou responsável.
Isto foi muito gratificante! Acredito que os assuntos abordados em aula se encaixam neste caso. Talvez não seria possível separá-los. Por isso, abordei desta forma.
Pretendo seguir, agora com mais embasamento, os assuntos e abordagens das aulas.”
Não tenho razão quando digo que coisas assim fazem tudo valer a pena?