Sra Teodora Pinheiro foi admitida há duas semanas no Hospital Municipal de Maraíba do Sul, onde você trabalha como farmacêutico. Hoje, você está fazendo a primeira entrevista com a paciente e prestando atenção farmacêutica à ela. Você tem dados demográficos da Sra. Pinheiro, o perfil de medicação, e a lista de problemas médicos disponíveis na farmácia do hospital. Protocolos de admissão na casa exigem um perfil laboratorial básico, feito para cada interno.
Dados demográficos:
Data de nascimento: 8/8/1936
Alergias e sensibilidades: metformina (causou diarréia), pioglitazona (causou edema), fosinopril (causou hipercalemia)
Altura: 1,55m; 53 Kg.
Lista de problemas médicos
Diabetes mellitus Tipo 2
Nefropatia diabética
Hipertensão
Doença vascular periférica
Anemia por deficiência de ferro
Hiperlipidemia
Osteoporose
Medicamentos atuais
Sinvastatina 40 mg (uma vez ao dia)
HCTZ 25 mg (uma vez ao dia)
Gliburida 10 mg( duas vezes ao dia)
Cálcio de ostra 500 mg (duas vezes ao dia)
Alendronato de sódio 70 mg ( uma vez por semana, às segundas feiras)
Anlodipino 10 mg ( uma vez ao dia)
Nabumetona 500 mg (duas vezes ao dia)
Cianocobalamina 1000 mcg IM q (uma vez por mês)
Sulfato ferroso 325 mg (uma vez ao dia)
Loratadina 10 mg( uma vez ao dia)
Vacina contra gripe na admissão
Histórico médico
Sinais vitais: PA 138/80 mmHg; FC 100 bpm; FR: 12mpm; T: 36,8ºC
Lipídios: colesterol total: 190 mg/dL; triglicérides 121 mg/dL; HDL 48 mg/dL; LDL 66 mg/dL.
Química: Na: 140 ,Eq/L; K 4,8 mEq/L; Cl 110 mEq/L; CO2 22 mEq/L; BUN (nitrogênio-uréia sanguínea) 21 mg/dL; Cr 1,4 mg/dL (calculado o clearance de creatinina 31 mL/min), glicose 138 mg/dL; Hemoglobina glicosilada 7,3 %; bilirrubina total 0,6 mg/dL; fosfatase alcalina 44 U/L, ácido úrico 6,4 mg/dL; proteína urinária 16 mg/dL; Ca 8,8 mg/dL; Mg 2,0 mEq/L; Fósforo 3,2 mg/dL; albumina 4,4 g/L.
Hematologia
Hemoglobina 10,2 g/L; Hematócrito 30,8, WBC 5600/mm3; 70% neutrófilos, 26% linfócitos, plaquentas 168.000/ mm3; ferro sérico 48 mcg/dL; capacidade total de absorção de ferro 460 mcg/dL; volume médio corpuscular 90 fL.
Baseado em Rovers e Currie, 2010.
Sinvastatina reduz as concentrações do colesterol plasmático total e do colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade (LDL) e à lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL). Também leva ao aumento moderado do HDL- colesterol e à redução dos triglicérides plasmáticos.
referência: Farmacologia Clínica – Fundamentos da Terapêutica Racional ( 3ª edição ) – FLAVIO DANNI WANNMACHER, LENITA FERREIRA, MARIA BEATRIZ CARDOSO FUCHS
O caso clínico relata que a Sra Teodora Pinheiro apresenta Diabetes mellitus Tipo 2 além de outras patologias, dentre elas a nefropatia diabética.
O Diabetes mellitus Tipo 2 possui um fator hereditário maior que no Diabetes Tipo 1, sendo mais comum após os 40 anos de idade.
É uma doença caracterizada por possuir contínua produção de insulina pelo pâncreas, ocorrendo uma incapacidade de as células metabolizarem glicose suficiente da corrente sanguínea.
A paciente em questão apresenta nefropatia diabética que provavelmente é uma complicação crônica da Diabetes Tipo 2.
A nefropatia diabética é caracterizada por alterações nos vasos dos rins fazendo com que haja perda de proteína na urina. Os rins vão perdendo a capacidade de filtrar substâncias de forma adequada. Uma das substâncias que passam pelo rim é a albumina, proteína responsável por fornecer todos aminoácidos essenciais ao organismo facilitando sua recuperação.
Muitas vezes, através de um simples exame de microalbuminúria, consegue-se detectar pequenas quantidades de albumina na urina. Juntamente com aumento de proteína na urina pode ocorrer aumento da pressão arterial.
Evidencia-se que controlar as taxas de glicose sanguínea e o monitoramento da pressão arterial constituem importantes armas de prevenção contra nefropatia diabética, podendo em alguns casos até regredir o processo. Sendo assim é importante esclarecer à paciente sobre as medidas de prevenção das complicações, bem como monitoramento das patologias já instaladas. Manter uma dieta balanceada e o controle de colesterol também ajudam no processo de recuperação.
Referências bibliográficas:
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: Tratamento e acompanhamento do Diabetes Mellitus, 2007. Disponível em http://www.diabetes.org.br/complicações-cronicas/546-nefropatia-diabetica acessado em 13 de outubro de 2010.
A Sra Teodora apresenta doença vascular periférica, sendo esta o endurecimento ou estreitamento das artérias (arteriosclerose) que levam sangue aos braços, pernas e outras partes do corpo. Isto resulta em uma redução do fluxo sangüíneo nestas partes do corpo. As artérias das pernas são freqüentemente as mais afetadas. Quando uma artéria torna-se estreita devido à arteriosclerose, os músculos não recebem sangue suficiente, especialmente durante o aumento de atividade, quando mais sangue é necessário. Quando o músculo está em estado de repouso, o suprimento de sangue pode ser adequado. A DVP, assim como a nefropatia diabética que é uma complicação crônica microvascular freqüente no diabetes Mellitus tipo 2. devem ter se desenvolvido em decorrência ao DM.
Referências:
MURUSSI, M.; COESTER, A.; GROSS, J. L.; SILVEIRO, S. P. Nefropatia Diabética no Diabete Melito Tipo 2: Fatores de Risco e Prevenção – Arquivos brasileiros de endocrinologia e metabologia. Vol 47 nº 3 Junho, 2003.
SCHEFFEL, R. S. et al. Prevalência de Complicações Micro e Macrovasculares e de seus Fatores de Risco em Pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 em atendimento ambulatorial. Associação Médica Brasileira. vol 50(3): 263-7, 2004.
A osteoporose pode ser uma conseqüência natural do envelhecimento e é caracterizada pela perda de massa óssea e deterioração com conseqüente fragilidade óssea e suscetibilidade à fratura. A paciente, que já é idosa, faz uso de alendronato de sódio para o tratamento da osteoporose, que pode ter vindo a ocorrer após a menopausa onde a deficiência endógena de estrogênio constitui uma importante contribuição fisiopatológica para que a patologia ocorra. Entre as recomendações de uso do alendronato, estão: ingestão em jejum, ingerir com copo cheio de água, não se deitar e permanecer em jejum por 30 minutos após ingestão do medicamento. O tratamento da osteoporose em mulheres pós-menopausa é de 70 mg uma vez por semana ou 10 mg uma vez ao dia.
CAMARGO, E. P.; MINOSSO, M.; LOPES, L. C. Caracterização do uso de alendronato de sódio no tratamento de osteoporose por clínicos da rede privada de duas cidades do interior de São Paulo. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 28, n. 1, p. 77-83, 2007.
Segundo o caso, a Sra. Teodora administra Anlodipino, uma vez ao dia; sendo este um bloqueador seletivo do canal de cálcio. Estes fármacos são seletivos para a musculatura lisa vascular comparada com o miocárdio, e portanto, atuam primariamente como vasodilatadores. A redução da resistência vascular periférica total é resultado da vasodilatação. Os efeitos hipotensores produzidos por eles são acompanhados por taquicardia reflexa. Exercem efeito inotrópico negativo. Em geral, não deprimem a função sinoatrial nem a atrioventricular.
Referência:
DICIONÁRIO TERAPÊUTICO GUANABARA- Edição 2008/2009; Francisco Faustino de A. Carneiro de França
Loratadina é um anti- histamínico tricíclico potente, de ação prolongada, com atividade seletiva, antagônica, nos receptores H 1 periféricos. Loratadina é rapidamente absorvida no tubo digestivo, após a ingestão oral. As concentrações plasmáticas máximas são atingidas em 1 hora, e sua meia vida é de 17 a 24 horas. A Loratadina é metabolizada no fígado, de forma intensa, em descarboetoxiloratadina, que é ativo. Sua ligação a proteínas plasmáticas é de 97 a 99%, e a do metabólito ativo é de 73 a 76%. A insuficiência renal não modifica de forma significativa a farmacocinética da Loratadina.
Em caso de insuficiência hepática, há modificação dos parâmetros farmacocinéticos, e a dose de Loratadina deve ser diminuída.
Referência:
DICIONÁRIO TERAPÊUTICO GUANABARA- Edição 2008/2009; Francisco Faustino de A. Carneiro de França
GUIA DE REMÉDIOS – 10ª edição – 2010/2011
A paciente Sr. Teodorora apresenta anemia por deficiência de ferro, que ocorre quando a ingestão ou absorção de ferro é insuficiente, assim a hemoglobina não pode ser formada. A anemia por deficiência de ferro é, isoladamente, a mais comum das deficiências nutricionais do mundo e ocorre como resultado de perda sanguínea crônica, perdas urinárias, ingestão e/ou absorção deficiente e aumento do volume sanguíneo. Na anemia ferropriva ocorre diminuição dos níveis plasmáticos de ferro. Os locais de reserva de ferro dos macrófagos estão depletados e, portanto, não podem fornecê-lo para o plasma. Conseqüentemente, a concentração plasmática de ferro cai a níveis que limitam a eritropoese. Para evitá-la tem que fazer o uso de suplementos a base de ferro, ou por administração parenteral. E para prevenir se alimentar com alimentos ricos em ferro como; pão, gema de ovo, carne vermelha e fígado.
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